6 de outubro de 2015

Murray Schafer - Linguagens e Expressões Artísticas.


                  

O presente texto tem como objetivo mostrar a história, os conceitos e as atividades educacionais abordadas por Murray Schafer, compositor, escritor, educador musical e ambientalista.

Nascido no Canadá no dia 18.07.1933, Raymond Murray Schafer, desenvolve seus trabalhos no qual abrangem as áreas de educação musical, composição, filosofia, literatura e comunicação. Podemos desta forma também identificar grande influência pelas principais tendências dos anos 60 como serialismo, música aleatória, música eletroacústica e multimédia.  No ano de 1961 fundou a “Ten Centuries Concert” para música nova. Outro tema também abordado por Schafer em seu trabalho é  o interesse por línguas antigas e a ênfase na qualidade fonética do texto no qual podem ser apreciadas em seus trabalhos de multimédia “ Loving/Toi (1966) e a trilogia Pátria (1972).  

Em “Son of Heldenleben" (1968), Schafer emprega citações musicais, outra de suas características. Em 1972 iniciou uma pesquisa pioneira de ecologia acústica, e mais tarde produziu um inventário mundial de “paisagens sonoras” patrocinadas pela UNESCO. Seu trabalho de educação musical tem como prioridade a criação e a consciência do som, ao invés de teorias e habilidades instrumentais, desta forma, tornando seu trabalho inovador comparado a outros educadores.


Contexto Histórico:

Murray Schafer a pertence à segunda geração de educadores musicais, segundo Marisa Fonterrada em seu livro De Tramas e Fios: “A chamada segunda geração de educadores musicais, que floresceu na Europa e na América do Norte em meados da década de 1950 e inicio da seguinte. Essa época coincide com a grande virada da produção musical, com as pesquisas lideradas por Pierre Chaeffer na Radiotélévision Française e as experiências de música eletrônica conduzidas. De maneira geral, as propostas da chamada música de vanguarda apontavam para um renovado interesse pelo som como matéria prima da música e sua transformação, graças a uma série de procedimentos de manipulação”.

Conforme o próprio texto, Schafer diz: “Música é sons, sons à nossa volta, quer estejamos dentro ou fora de salas de concerto”

Podemos destacar que tanto na Europa quanto na América do Norte a educação musical ganhou grande importância e assim inúmeras metodologias surgiram e foram testadas em escolas do primeiro e segundo grau. O objetivo fundamental dessa nova forma de ver a música seria a de formar crianças, jovens e adultos em seres aptos a ouvir a criar músicas.

Os educadores musicais pertencentes a este período buscam uma “nova forma de ensinar” a música. Segundo Marisa Fonterrada em seu livro De Tramas e Fios “Os educadores musicais desse período alinham-se às propostas da música nova e buscam incorporar à prática da educação musical nas escolas, os mesmos procedimentos dos compositores de vanguarda, privilegiando a criação, a escuta ativa, a ênfase no som e suas características, e evitando a reprodução vocal e instrumental do que denominam “música do passado””.

Em seu livro, Marisa Fonterrada, relata sobre os educadores que pertence a essa geração separando em duas duplas. A primeira dupla de educadores seria: George Self e John Paynter, no qual tem como maior foco o trabalhar música de forma diferente do que é usado pelas teorias atuais. O foco desses dois educadores até pela sua própria história de vida são os alunos. Já os educadores Murray Shafer e Boris Porena têm como foco principal os educadores, enfim, as possibilidades novas sobre a educação e as metodologias de ensino.

Murray Schafer, como foi dito anteriormente, com suas idéias inovadoras tem como principio focar acima de tudo na qualidade da audição e também na capacidade criativa pelo ser humano.

Conceitos Murray Schafer

Cada vez mais, Murray Schafer vem conseguindo adeptos entre os educadores, ao mesmo tempo em que também causa polêmica entre os mais conservadores. Diz Marisa Fonterrada “Outra de suas posições polêmicas diz respeito ao repertório usualmente utilizado no ensino de música, pois no seu entender, a criança isenta de atitudes preconceituosas em geral encontradas entre adultos, tem capacidade para apreciar tanta a música do passado quanto ao da vanguarda, e deve ser estimulada a tomar contato com produções de vários estilos e épocas”.


Em seu Livro, O Ouvindo Pensante, Murray Schafer é bem claro em seus objetivos: “Meu trabalho em educação musical tem se concentrado principalmente em três campos:



1 – Procurar descobrir todo o potencial criativo das crianças, para que possam fazer música por si   mesma.



2- Apresentar aos alunos de todas as idades os sons do ambiente; tratar a paisagem sonora do mundo como uma composição musical, da qual o homem é o principal compositor, e fazer julgamentos críticos que levem à melhoria de sua qualidade”.

Diferente do pensamento da primeira geração de educadores, a segunda geração pensa acima de tudo na composição e a exploração de novos formatos musicais.



No ano de 1969, com o objetivo de estudar o ambiente sonoro, Schafer e um grupo de pesquisadores formaram o “World Soundscape Project – Projeto de Paisagem Sonora Mundial com o objetivo da junção da natureza com a música como também realizar um estudo interdisciplinar a respeito de ambientes acústicos e seus efeitos no ser humano. A pesquisa resultou nas seguintes publicações: publicações: The book of noise, The Music of the Environment, A Survey Community Noise By-laws in Canadá, The Vancouver Soundscape, Dictinonary of Acoustic Ecology, Five Village Sondscape e A European Sound Diary. Nesta pesquisa, Schafer relata sobre a sonoridade antes e pós revolução industrial como os ruidos, consequencias da vida moderna do ser humano.

 Na última parte de sua pesquisa, Schafer discute possíveis soluções em relação à poluição sonora, pensando até na melhoria auditiva e a sensibilidade estética frente às pessoas com o objetivo de sonoridades agradáveis. De acordo com Murray,  “Soundscape é como todo e qualquer evento acústico que compõe um determinado ambiente. Dentro dessa perspectiva, “o termo pode referir-se a ambientes reais ou a construções abstratas, como composições musicais e montagens de fitas, em particular quando consideradas como um ambiente.”



Ambiente Sonoro:  Schafer acredita que toda a sonoridade deve ser levada em consideração e não apenas a musicalidade trabalhada em estúdios e salas de concertos. É possível assim trabalhar e fazer vários exercícios com os sons do ambiente. Em seu livro Ouvido Pensante, Schafer faz algumas perguntas do tipo: “ Qual foi o som mais agudo que foi ouvido nos últimos dez minutos?; O som mais forte?.


Desta forma, definimos o Ambiente Sonoro como toda a sonoridade que o ambiente nos traz, desde a sonoridade do motor de um veículo até o abrir de uma geladeira. A sonoridade possui textura, formato e deve ser percebida por todos com o objetivo de se tornar um ouvinte ativo.





Música não se resume apenas em livros de HARMONIA FUNCIONAL PARA ESTUDANTES DE MÚSICA, percepção como também em exercício de solfejo. Poderá, desta forma, existir novos horizontes e novas expectativas. O aprendizado, o sentir, o criar, o pensar sempre vem de encontro ao amadurecimento pessoal de cada um. Novas possibilidades são de grande valia e estar preparado para novos pensamentos é o que faz de nós seres humanos seres em eterna construção.
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